quinta-feira, 15 de abril de 2010

Alucinações

Olhei para um lado, depois olhei para o outro.
Te encontrei pelo olhar.
Teu olhar cruzou com o meu, estremeci, me faltou ar.

Consegui voltar a respirar, mesmo que não normalmente.
Minhas mãos suavam, minha testa transpirava.
Tentei esboçar algo, você me sorriu calmamente.

Aos poucos percebi que não estávamos sozinhos.
Mas você transparecia solidão.
Queria me aproximar.
Minha mente dizia que não.

Notei que você estava mais perto.
Meu coração palpitou.
Senti meu ar parar.
O que era antigo, a ser novo voltou.

Lembrei o que sentia realmente.
Era algo grande, às vezes acho que único.
Recordei o que você me falou na última vez.
Sentimos o mesmo, algo diferente.

Abaixei meu olhar e pisquei rapidamente.
Passei as mãos pelos meus cabelos, suspirei.
Ao te procurar mais uma vez pude perceber.
Você havia ido, pensei.

Busquei o restante do contexto e percebi.
Você não estava ali.
Doeu meu coração.
Minha diária alucinação.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Velha Infância

Ir para Aldeia:

Nadar na piscina, tomar banho de bica, pegar girino, correr de sapo e rã, brincar de gato mia, jogar dominó e baralho, pular do trampulim, escorregar no corredor entre as piscinas, brincar de nó dentro d´agua, fazer trilha pela mata, contar e ouvir histórias de terror, brincar de casinha, brincar na casa abandonada, andar de bicicleta de rodinhas nas laterias, tomar banho de mangueira, dormir em bicama, ir dormir de madrugada, ir dormir ao som de grilos e sapos, acordar tarde, acordar ao som dos passarinhos, ir à casa do vizinho mexer nas coisas dele, dormir em rede, fazer novas amizades, correr de um cachorro gigante, jogar volei e paredão, festas de aniversários, ver muita tv, tomar banho com medo das rãs, brincar de escalar as rochas, descobrir trilhas novas e lugares novos no meio do mato, ir andar à noite, ir à bica a noite, tomar banho nua na piscina, ir até o olho d´agua, morrer de medo de deparar com uma cobra, comer besteira, se abaixar dos besouros durante o café, fazer o carro da bárbie descer com tudo pela ladeira, descer correndo da ladeira, se arranhar, chorar de raiva da prima maldosa, tomar muita coca-cola.

Ir para Tamandaré:

Tomar banho de mar a qualquer hora do dia, nadar até muito fundo, subir na lancha dos outros, se queimar com água viva, fazer xixi na água, ter medo de tubarão, ir de lancha até as piscininhas, ver o mar batendo na parede ao encher, andar até depois da ponte, andar até a casa dos amigos dos meus tios, andar até as piscinas naturais sem dizer a ninguém e levar uma bronca ao voltar, quase perder a cachorra que fugiu, tomar banho de chuveirão, brincar de barra bandeira e esconde-esconde com os primos, levar as amigas para viajar, escalar as pedras e o muro dos outros quando o mar tava cheio, escutar histórias de terror sobre o vizinho morto, brincar com os vizinhos, ir para a casa dos vizinhos, acordar com o som alto do vizinho, axé, carnaval, serpentina e confente, dominó, televisão sem antena boa, cama de cimento, subir e descer das camas, andar pelo muro, correr pelo corredor até o quintal, jogar volei e paredão, jogar queimado, amassar as uvinhas do mar, pegar sargasso mesmo tendo nojo, amassar babosa e passar no cabelo da boneca, fazer narizinho com o 'coisinha' da flor, ficar sem biquine ao ser roubada, ir comprar outro novo na cidade, comprar pão, ver acidente e ficar traumatizada, subir no pé de manga, chupar manda se melando inteira, ter medo do tarado, ano novo, voltar sozinha do hotel até em casa no escuro, os cachorros do vizinho, grama, mangueira, coração de nego, rede, comer muita besteira.

'A infância é a melhor fase do homem. Não existe maldade, não existe injustiça. É só alegria, sinceridade, ingenuidade e amor. Muito amor. Que saudade da minha velha infância que só volta nas lembranças. Nas melhores lembranças de uma época em que eu era plenamente feliz'.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Minha terapia...

Há muito eu descobri que a maior das terapias para mim era escrever. Escrever qualquer coisa que fosse. Se eu estava em um dia ruim, pegava um papel, ou ao menos um pedaço de um, uma caneta, ou um lápis, ou até quem sabe, por que não, um hidrocor e começava a colocar diversas ideias no papel.

Sempre, desde que aprendi a escrever, tive diários. Neles descrevia meus dias, minhas horas, meus minutos. Tudo o que eu havia feito de grandioso ou pelo menos o que eu tinha almoçado. Era um dos momentos mais felizes do meu dia, a hora que eu lembrava de tudo e escrevia. Muitas vezes eu descrevia o que gostaria que acontecesse comigo, vou admitir que quase nunca aconteciam mesmo, mas era divertido.

O mais engraçado de tudo, é reler meus antigos diários e ver como eu era, como eu me sentia, como eu queria ser realmente, e ver que consegui muitos dos meus anseios, ao mesmo tempo que desisti de muitos. É bom ver o quanto eu mudei, o quanto amadureci naturalmente, sem esforços, simplesmente, aconteceu. Não sou mais aquela garotinha gordinha, buchechuda (ok, o buchechuda continua e muito), de cabelos castanhos e encaracolados que sonhava em aprender a andar de bicicleta sem rodinhas dos lados (ok, eu ainda tenho muita vontade de aprender). Me transformei, mudei e muito! Meus sonhos mudaram, meus anseios são outros, minha vida é outra.

Admito também que muitas coisas do passado ainda despertam em mim uma grande admiração e vontade de voltar, ser de novo aquela menininha. Queria ter realizado mais sonhos quando menor, queria continuar sonhando igual a quando eu era pequena. Ser criança é a melhor coisa do mundo! Disso eu tenho plena certeza! Mas o tempo passou e agora sou outra Alissa. Às vezes quem eu sou odeia quem eu me tornei, cada vez mais. Mas, assim como eu, o mundo também mudou, e às vezes o culpo por eu ser quem eu me tornei. Mas calma! Não sou uma pessoa ruim, nunca matei nem se quer um sapo! Por mais que tenha sido testemunha de um assassinato do tipo. A queima roupa! Não gosto nem de lembrar. Foi nojento.

Hoje sou uma mulher (mesmo com cara e, muitas vezes cabeça e comportamento de menina, e sabe do que mais? eu adoro ser assim e pra sempre vou ser assim, isso se o mundo não me mudar ainda mais), ruiva, de cabelo liso, ainda um pouco acima do peso (mas já estou trabalhando nisso, como sempre) e que sonha. Sonha muito! Sim, tenho sonhos eróticos também, mas não era desse tipo de sonhos que eu estava me referindo ao iniciar esse assunto. Tenho sonhos grandes, eu sonho alto, muito alto. Dizem que quanto mais alto se sonha, maior a queda. Eu penso diferente, para mim, quanto maior os seus sonhos, é aí, exatamente aí, onde você vai chegar. E eu vou chegar, e quem não acreditou, vai estar bem longe, tentando entender como eu consegui tanto. Eu respondo: eu posso.

Uma coisa interessante em mim é que eu gosto de escrever e sonho muito. Poderia juntar isso e dar certo. Mas não, nunca escrevi sobre meus anseios. Nunca coloquei no papel mesmo tudo o que sempre sonhei. Os sonhos são meus, e eu os quero onde eu, e somente eu, os possa ver e sentir. Meio egoísta, eu sei. O que eu gosto mesmo de escrever é o que aparece na minha mente a qualquer momento. Minha mente viaja, e a qualquer hora vem uma nova ideia diferente, e eu a guardo até poder soltá-la.

Estou quase terminando mais uma de minhas histórias. Estava parada nessa há muito tempo. Escrevia, mas pouco. Nunca conseguia seguir um fio, sem desequilibrar. Hoje foi o dia. Consegui desenvolver e estou quase terminando! E ela ficou muito melhor do que eu esperava e do que eu tinha imaginado para ela. Essa sou eu. É assim que sou na minha vida... Começo de um jeito, com o final pronto e amarrado, mas sempre acabo escapando do concreto e faço até o que Deus duvida. Eu faço loucuras, mas ninguém sabe.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Estou cansada...

Ah, como foi rápida. Já chegou ao fim, minha primeira hisória aqui. Para quem acompanhou e gostou, agradeço e digo que logo mais, outras historinhas estarão por aqui.
Mas agora vamos conversar um pouco...

(...)

O trabalho dignifica o homem.
Concordo.
Mas o que ninguém pensou é que cansa e muito o homem também.
Para quem não sabe eu tenho 21 anos e estou no penúltimo período da faculdade de jornalismo. Falta menos de um ano para que eu me livre do que me consome por quase quatro anos. Durante uma faculdade, o que os estudantes mais procuram é um estágio, não para ganhar experiência, mas sim, para dizer: 'agora tenho responsabilidades, pai!'

Eu demorei. Somente agora no penúltimo e derradeiro período arranjei um estágio.
Todos os meus amigos já tinham os seus e viviam me dizendo: 'Alissa, tá na hora de arranjar um emprego po!' E eu pensava: 'Droga ¬¬' O fato é que minha hora chegou. E chegou com tudo, afinal agora eu tenho dois estágios.
Tudo bem, eu concordo que eu tava precisando de um pouco mais de responsabilidade na minha vida.. mas em dobro? É castigo!
Agora mesmo estou aqui em um deles, louca, cheia de coisas para fazer, sem a minha chefe (que viajou para os E.U.A) e além de tudo com um trabalho FDP da faculdade para apresentar AMANHÃ!

O tempo que era meu forte há um mês atrás, agora é raro. Tempo livre, quero dizer, por que o tempo continua o mesmo, já o tempo ocioso... É pouco, bem pouco.
Finalmente, nesse final de semana eu consegui arranjar um bom tempo para rever meus amigos. Fazia um bom tempo que não saía com eles.
Sábado fui comer sushi com eles. Conversamos bastante, brincamos, falamos bobagens como era de costume antigamente, bebemos, rimos muito. Ah como é bom!
No domingo fui ao cinema com outro grupo de amigos que fazia muito tempo que não os via também, até mais. Assistimos Uma noite fora de série e eu ri demais! Depois conversamos, rimos, brincamos, comemos, nos divertimos juntos, como também era de praxe há um tempo atrás.

Mas sabe quando você mesmo se divertindo quer voltar logo para casa e se jogar na sua cama para dormir e relaxar? Foi o que me aconteceu esses dois dias. Quando cheguei em casa, tomei um belo banho, entrei por menos de 10 minutos, nesse meu vício que atende pelo nome de internet e me joguei na minha cama. Estava tão cansada que demorei bastante para adormecer, mas quando consegui, só me acordei no outro dia, depois do meio dia.
E para que? Para mais uma semana de trabalho e estresse.

Me sinto muito dignificada com meus traballhos, mas muito mais que isso, me sinto muito, muito mesmo, cansada.

domingo, 11 de abril de 2010

Enfim um lugar para chamar de seu

Nosso passado é nossa história e nossa história faz parte de nós. Não podemos nos desfazer do que passou, o que foi ruim, tentamos, mas nem sempre conseguimos esquecer, passar uma borracha. O que é bom, mesmo que já tenha mesmo passado continua na gente, como uma tatuagem que não se pode tirar, não se pode apagar. O sofrimento deixa cicatrizes, às vezes, irreparáveis, mas quem não pode viver com uma cicatriz? Todos podemos. Por maior ou dolorida que seja, todos temos força suficiente para contornar os medos, as dores e as ilusões do passado, mesmo que essa força seja desconhecida por nós mesmos, chega um momento em que nos damos conta o quão somos fortes e de quanto podemos ser felizes mesmo com os apesares.

(...)

- Eu os declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.

Guilherme se aproxima de Marcela calmamente, se olhavam quase que hipnotizados, sorriam, estavam realizados, agora eram casados, o sonho de Marcela estava se realizando enfim.
Beijavam-se calmamente, desfrutando como podiam daquele momento que ambos tanto esperaram. Com um selinho carinhoso e demorado eles se separaram, cruzaram os dedos de suas mãos e sorriram. Olharam para trás e abriram sorrisos maiores ainda ao ver os amigos sorrindo, batendo palmas e festejando, sendo testemunhas daquele ato de amor.

(...)

Guilherme não tirava os olhos da mulher ao tirar lentamente seu vestido de noiva.
Já haviam estado juntos muitas vezes, durante o namoro e o noivado, mas aquela vez, definitivamente era diferente. Saudade, felicidade estavam misturados com outros milhares de sentimentos que ambos estavam sentindo. Agora eram casados, eram marido e mulher. Tinham um laço muito mais forte e indestrutível agora.
Se beijavam a todo momento. As bocas se acariciavam em plena sintonia, assim como as mãos tocando das partes mais comuns às mais sensíveis do corpo um do outro.
Juras de amor eram ditas durante grande parte do tempo, promessas de amor eterno eram expressadas das maneiras mais românticas e apaixonadas possíveis.
Guilherme entra em Marcela lentamente, aproveitando cada segundo daquele momento, o momento em que os sentimentos de amor e prazer misturavam-se, formando um só.
Os movimentos eram delicados. Mordidas, chupadas, lambidas também não ficaram de fora daquilo. Com o tempo, os movimentos ganhavam mais intensidade e eram acompanhados de gemidos de prazer de ambos, até chegarem ao ápice juntos.

- Eu te amo, Marcela.
- Eu te amo, Guilherme.

Guilherme separa seu corpo do de Marcela, vai até o banheiro e logo volta, se deitando ao lado da ruiva que sorria de orelha a orelha.

- Está feliz?
- E você ainda me pergunta? Só Deus sabe o quanto eu esperei por esse momento. Poder te chamar de meu.
- Sempre fui seu.
- Meu marido.
- Minha mulher.
- Te quero pra sempre!
- Pra sempre!

Eles sorriem e dão um selinho demorado.

- Te disse que ficou maravilhosa com o cabelo ruivo?
- Não disse não...
- Pois estou dizendo agora. Esta linda, pequena!
- Obrigada, meu amor.

Ficaram se olhando um pouco, sorrindo. Marcela dá outro selinho em Guilherme e deita sua cabeça no peito do marido, que começa a fazer carícias nas costas dela.

- Las Vegas...
- Nem acredito que você realizou mesmo meu sonho de tantos anos atrás.
- Eu prometi, não prometi?
- Mas que moraríamos aqui não.
- Você não sonhava com isso antes.
- Não mesmo. Mas agora, pra mim é importante.
- Se é importante pra você, é pra mim também. Las Vegas é nossa nova casa!

Marcela finalmente conseguira se sentir completa, realizada. Estava com a pessoa que amava ao seu lado. Guilherme era seu, seu marido, seu amigo, seu amante, seu tudo! E ela era tudo dele também. Enfim, podia dizer, gritar ao mundo, a quem quisesse ouvir que estava feliz, que era uma mulher feliz e mudada!
Sempre acreditara que o Brasil seria sua casa até o fim, sempre ansiou isso, mas o destino, a vida, lhe mostraram que às vezes é preciso mudar e mudar muito, no caso dela até de país para encontrar o que lhe completa totalmente...
Finalmente tinha encontrado seu lugar, o lugar que definitivamente podia chamar de seu.

FIM

sábado, 10 de abril de 2010

Antigo recomeço

- Por que sumiu desse jeito?
- Precisava encontrar um lugar pra mim.
- Dois meses, Marcela! Por Deus, imaginei tantos absurdos! Cheguei a chorar sua morte!
- Também chorei a sua morte.
- Ainda tão ressentida comigo? Já te expliquei tudo.. Por favor, me entende! Eu também sofri todo tempo que ficamos separados e mais ainda, estava doente, Marcela!
- Poderia ter dividido isso comigo! Mas preferiu encontrar outra para dividir isso.
- Marcela, eu só queria o seu bem! Sei que errei, eu já sei! Mas te peço perdão! Quero recuperar o tempo perdido. Recuperar nosso amor, que eu sei que não acabou e nem vai acabar assim.
- Sofri tanto sem saber de você.
- Estamos quites.
- Não me interessa isso. Só quero que vá embora e me deixe em paz.
- Terminei com a Jenny.
- Co-como?
- No outro dia que você foi embora, terminei com ela.
- Não fez o certo.
- Fiz sim. Até ela sabe disso. Ela sabia, Cela.. Sempre soube que quando você aparecesse novamente, quando eu te encontrasse de novo, eu e ela acabaríamos. Na verdade, nunca existiu eu e ela. Sempre fui eu e você. Ela foi mais uma amiga que qualquer outra coisa.
- Como estão os outros?
- Há duas horas atrás estavam preocupados com você, mas agora, sabem que você ao menos esta viva.
- O que faziam no cassino?
- Viemos à Las Vegas procurar você.
- Como sabiam que me encontrariam aqui?
- Não sabíamos! Pelo menos não tínhamos certeza.
- Por que me procurar justo aqui?
- Lembra de uma conversa que tivemos que eu te prometi que nossa lua de mel seria aqui? Que eu realizaria seu sonho?
- Isso faz tanto tempo...
- Mas eu nunca esqueci, por que eu pretendia realizar isso.
- Pretendia mesmo estando noivo de outra?
- Pedir Jennyfer em casamento foi um erro, eu sei. Foi por impulso, por estar contente por estar curado e ela ter sido parte fundamental na minha cura. Desculpe-me.
- Não quero mais falar disso.
- Me perdoa?
- Sim, Guilherme. Eu te perdôo.
- De verdade?
- Sim. Vindo até aqui provou que fala a verdade.
- Nunca mentiria pra você, Marcela. O que eu falo é a mais pura verdade, só não te contei do meu câncer por que queria te proteger, não queria te ver sofrer, te prender a mim, que não tinha um futuro certo.
- Eu te amo, Guilherme, sempre te amei. Sempre estaria ao seu lado, acima de tudo, de qualquer coisa. Você era a pessoa mais importante pra mim, a pessoa por quem eu mataria e morria. A pessoa que eu mais amei em toda a minha vida. A pessoa que eu sonhava em casar, ter filhos, cuidar quando ficássemos velhinhos e morrer juntos.
- Você sempre foi isso tudo pra mim, Marcela.. Sempre! Era com você que eu queria terminar meus dias. É com você que eu quero.
- Eu senti tanto a sua falta.
- Eu quase morri de saudades de você, minha pequena.
- Promete que nunca mais vai me deixar sozinha.
- Te prometo. Nunca mais te deixarei sozinha! Nunca mais!
- E que nunca mais vai me esconder nada!
- Nunca mais! Prometo. Te amo!

Não era preciso dizer mais nada, apenas um beijo faltava para selar aquele momento único. Marcela havia conseguido o que queria. Recomeçar. Sim, mesmo voltando à um amor do passado, ela havia recomeçado.

continua...

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Enfim sós

- Garçom! Com licença! Você conhece uma garçonete ruiva?
- Claro que sim.
- Como ela se chama?
- Celinha..
- Celinha... Claro... Ela não usaria Marcela, seria fácil demais.
- O que disse senhor?
- Nada... Mas então... Onde posso encontrá-la?
- Celinha acabou de ir embora.
- Como?
- Disse que não estava passando bem, pediu ao gerente para sair mais cedo e se foi.
- Sabe onde ela mora?
- Não, senhor... Perdão, mas... Por que tanto interesse nela?
- Er... Er... Fiquei de lhe dar uma gorjeta, mas ela sumiu.
- Aqui somos proibidos de receber gorjetas, senhor.
- Ah, mas vocês nunca recebem?
- Ah... O senhor sabe. Quando o cliente insiste muito...
- Entendo. Quanto quer para me levar ate a Cela... Celinha! Quanto quer para me levar até a Celinha?
- Já falei pro senhor que não sei onde ela mora...
- Mas pode descobrir pra mim, não pode?

Guilherme depositara no bolso do garçom diversas notas de alto valor, discretamente.

- Me acompanhe, por favor.

Ele e o garçom foram até uma sala, afastada dos jogos ou do bar do cassino. Guilherme se sentou em um sofá negro e de aparência antiga, enquanto o garçom entrara em uma outra porta.

(...)

Marcela chegara em sua casa tão transtornada por quem havia visto que nem trancou porta, nem nada. Foi ao banheiro, lavar o rosto, tirar aquela maquiagem carregada. Tomou um banho rápido, escovou os dentes, trocou de roupa, colocando sua camisola branca de seda e voltou ao quarto. Ligou a televisão e se deitou na cama, pensativa.

(...)

Por mais alguns dólares o garçom levou Guilherme até o apartamento em que Marcela morava e se foi. Agora era com ele. Ele e ela.

Era um prédio simples, nem ao menos portaria tinha. Cada morador tinha a chave do portão e pronto, imaginou ele. Mas esse se tornara um problema. Como ele entraria se o portão estava fechado? Ou pelo menos era para estar, pensou ele ao perceber que estava apenas encostado.

- Obrigado, Deus!

Guilherme entrou no prédio, sem pressa, porém com cautela, nada o podia impedir de ver e falar com Marcela naquele momento. Nada, nem ninguém!
O apartamento de Marcela era o 203. Chegou na frente da porta e começou a ensaiar milhares de maneiras de falar com ela e principalmente de como fazer uma voz diferente da sua original para que ela o deixasse entrar, sem medo.
Estava nervoso. Encostou-se levemente na maçaneta e a sentiu girar, era muita sorte para um dia só. Sim, estava aberta.

- Que perigo, dona Marcela! Ainda bem que sou eu!

Entrou devagar, sem fazer barulho, ‘andando em ovos’, fechou e trancou a porta. Suspirou, respirou fundo, ofegou e foi caminhando pela casa. Chegou à cozinha e nada, ate a varanda, menos ainda, então foi indo até um lugar que imaginou que fosse um quarto.
A porta estava aberta, a televisão ligada, a luz de um abajur também, olhando de esgoela, pode ver pernas na cama, olhando melhor pode ver todo um corpo deitado e claro, aqueles inconfundíveis cabelos vermelhos esparramados em um travesseiro branco. Não pode deixar de ouvir também um soluço.

(...)

Marcela pensava, pensava e só conseguia chorar. Chorar de emoção por ter revisto seus amigos, ter visto Paulo tão cara a cara, mesmo sem tê-lo abraçado como seus instintos mandaram, ter visto, principalmente, Guilherme. Seu tão antigo e tão recente amor, que queria esquecer, mas não conseguia. Era muito mais forte que ela.

(...)

Levado por toda coragem que conseguira juntar, Guilherme entra no quarto. Não conseguia para de olhar para a moça que estava deitada. Se aproximou mais, e mais, até chegar ao lado da cama, podendo ver que ela estava de olhos fechados, com uma expressão dolorosa na face e com o rosto molhado, estava chorando. Aquela visão tão ímpar dela, só comprovou visualmente o que ele já sabia: Marcela! Havia encontrado Marcela.

- Marcela...

Marcela ouvira um sussurro. Estava sonhando, imaginava ela. Não havia ninguém ali, tinha fechado a port... A PORTA! Ela não havia fechado a porta! Se levantou de um pulo, sentando na cama e quase caindo deitada novamente quando seu olhar se encontrou com o que não parava de encara-la.

- O que... O que.. O que faz aqui? Quem deixou você entrar?
- Marcela, por que fugiu?
- Saia!
- Não posso acreditar que te encontrei.
- Não sei do que esta falando. Saia do meu apartamento ou chamarei a polícia!
- Teria coragem? De mandar me prender?
- Não o conheço, teria sim!
- Não precisa fazer esse teatro aqui. Você sabe que eu sei que é você. Não tem como esconder. Mesmo com os cabelos vermelhos, aquela roupa que usava no cassino, sua voz não me confunde, Cela. E seu rosto muito menos.
- Vá embora, Guilherme.

continua...

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Voltando a nossa história...

- Peça ao barman sim? Tenho pressa.

Marcela saiu de perto da voz o mais rápido que pôde. Nem chegou a pegar as bebidas que um cliente lhe havia pedido. Estava tremula, só precisava sair de perto daquela ‘maldita’ voz.

(...)

De longe e meio escondida, Marcela olha em direção de onde estava e apenas comprova o que as saltitadas de seu coração lhe tinham dito: era ele. Era Guilherme, seu amor que nunca havia morrido.

O que ela não sabia era que o mesmo havia ocorrido com ele. Ao ouvir aquela suave e diferente voz, o coração do moço deu sinais de vida. A voz de Marcela sempre fora única: suave, aguda, um som único, principalmente para um apaixonado.
Guilherme sabia que aquela voz era dela. Não podiam haver duas mulheres com uma mesma voz, tão diferente, não podia. Era ela. Ele tinha certeza, seu coração também.
Mas, algo estava errado. Aqueles fios vermelhos marcantes, chamativos, brilhosos eram bastante distintos dos de Marcela. E aquela roupa curta, colada... Tudo bem, ela usava roupas coladas, sexys, mas... não sabia. Estava confuso. Se fosse mesmo Marcela por que não teria falado com ele?

- Ela fugiu.

Guilherme tinha certeza. Era ela.

(...)

Marcela não conseguia mais sair de onde estava. Não podia correr o risco de encontrar com Guilherme novamente. Não queria. Não queria ter uma nova conversa, sentir tudo novamente, não a faria bem. Ela não precisava daquilo agora...

Andando de costas, sem tirar os olhos de Guilherme, Marcela esbarra em alguém, se vira para se desculpar e toma mais um susto.

- Perdão.
- Não foi nada.

Dulce não sabia o que fazer. Estava frente a frente com Paulo. Sua vontade era pular no pescoço dele, chorar e lhe dizer o quanto estava morta de saudades, mas não podia e nem conseguia. Só conseguia olhar para ele, paralisada.
O mesmo acontecia com Paulo. Mesmo com aquela maquiagem marcante, aqueles cabelos vermelhos, aquele decote e tudo mais, sabia que conhecia aquela mulher de algum lugar. Além da voz, aquele olhar também lhe era familiar.

- Nos conhecemos?

Marcela não sabia o que fazer. Precisava tanto de um amigo, de seu velho amigo, mas não podia correr esse risco.

- Não.
- Tenho a impressão que sim. Você me lembra alguém, muito diferente de você, mas ao mesmo tempo tão igual.
- Não nos conhecemos.

Ela tentava mudar sua voz, sabia que logo ele perceberia. Desviou o olhar do amigo para mais a frente e percebera que estava encurralada. Guilherme já não estava onde estava antes, agora ele estava junto a um grupo, um grupo constituído de uma loira, uma morena e um moreno e Paulo na sua frente. Eram eles. Todos eles. Mas... o que faziam ali? Logo ali, no seu novo mundo?

Mais uma vez Marcela fugiu. Sem dizer mais nada deu as costas à Paulo e andou apressadamente, o deixando confuso.

(...)

- Ela parece alguém que conheço.
- Também a viu?
- Como?
- A ruiva.
- Uma garçonete?
- Sim! Uma garçonete ruiva!
- Esbarrei com ela a pouco. Parecia nervosa.
- É ela, Paulo!
- Ãn?
- A Marcela! A garçonete ruiva é a Marcela! Mesmo não tendo visto seu rosto, aquela voz é inconfundível. É ela. Eu tenho certeza.
- A Cela! Como não pude perceber antes! É claro! Ela me era família por que era a minha melhor amiga! É ela!
- A Marcela? Vocês têm certeza?
- Absoluta! É ela!
- Precisamos acha-la.
- É, Flávio. Mas pelo que vejo ela não quer falar com nenhum de nós. Fugiu de mim!
- E de mim também!
- Se ela quisesse, ela teria falado.
- Não interessa o que ela quer ou deixa de querer, temos que encontra-la novamente e falar com ela!
- Principalmente o Guile..
- Guile?
- Onde ele foi?

Guilherme já estava longe. Não estava disposto a perdê-la mais uma vez. A encontraria naquele cassino nem que tivesse que colocar aquele lugar abaixo.

continua...

[extra] Homenagem

Já postei um pouco hoje, mas agora eu queria abrir um espaço aqui para homenagear uma pessoa muito especial para mim e que infelizmente não está mais comigo.
Às vezes fazemos as coisas sem ter ideia da proporção que podem chegar. Conhecer gente nova é sempre bom, mas pela internet é uma coisa meio diferente, além de muito perigosa. Mesmo sabendo de todos os riscos, eu sempre gostei muito de conhecer gente pela net. São pessoas completamente diferentes de você, que na maioria das vezes moram muiiiito longe e que nunca você esbarraria na vida. Algumas tornam-se colegas de oi, tudo bom, conta as novas. Mas eu tive a sorte de conhecer, não muitas, mas algumas pessoas muito especiais através do computador. Nenhuma mora por perto, mas se tornaram mais amigas do que muitos amigos que tenho ao meu lado na hora que eu quiser. Sabe aquela música que diz: quem foi que disse que pra ta junto precisa ta perto? Vivo isso a mais de três anos.
Mas toda essa história pode ficar pra outro dia, por que a real razão de estar falando nisso, é realmente homenagiar uma amiga que se foi. E por que hj? Por que hoje ela faria 24 aninhos de vida. E eu queria que ela estivesse online agora para poder ler o que eu to escrevendo, mas eu sei que de algum lugar, muito melhor que esse mundo em que vivemos, ela esta vendo e abrindo um belo sorriso de agradecimento.
Vanessa era sinônimo de alegria, de perseverança, luta, força. Uma verdadeira guerreira.. Uma das pessoas que eu mais admirei na minha vida e ainda admiro. Uma verdadeira mãe nas horas em que estava online. Se preocupava com tudo e com todos. Sempre estava disposta a ajudar, dar conselhos e escutar os problemas dos outros. Deveria ser por isso que eu a chamava de mãe. Minha Zen.. Queria não estar chorando sua falta agora, até pq sei que você não deve ta gostando de ver eu e outros chorando por você.. Você quer nos ver bem, não é? Mas é inevitável. A saudade dói demais, as lembranças boas enchem o coração e ao mesmo tempo entristecem por que a nossa hsitória parou de ser escrita. Mas a sua história, mesmo parada, nunca será esquecida. Sempre vamos lembrar de você da maneira mais linda, nas melhores recordações, Nessa.
Muita gente que ler isso aqui vai pensar. Que bobagem, ela nem a conhecia pessoalmente. Não, não tive o prazer de conhece-la. Deus a levou pra perto dele antes que eu pudesse realizar isso. Mas o que importa é que o que aconteceu foi verdadeiro, a amizade era especial e me faz muita falta hoje. Não importa distancia, não importa idade, não importa crenças, o que importa é o que cada um é de verdade. E é justamente por isso que eu sou tão apegada aos meus verdadeiros amigos virtuais, pq é de verdade. Não viramos amigos pela beleza, pela conta bancária ou pelo apartamento que um ou outro mora. Nos tornamos amigos pelos sentimentos verdadeiros e pelo que somos por dentro. Nada externo importa, nada material conta, o que conta é o coração. E é por isso que a Vanessa era e é tão especial pra mim e pra toda a nossa família, pq coração como o dela é muito difícil de encontrar por ai.. Eu te amo, Zen. E quero sempre lembrar do seu sorriso, para eu poder sorrir também.

~ Nessa (Zen), Paulinha (Calcinha), Rafa (Ermã), Maicon (Ermão), Thainá (Cuu), Bih (Linds) e May (Sutiã) Vocês para sempre

Nem tudo pode ser mudado

Dois meses haviam se passado desde a última e decepcionante conversa que Marcela tivera com Guilherme na Suíça. Após fugir dele, ela ficou vagando pelas desconhecidas ruas suíças, pois não tinha pra onde ir, não sabia pra onde ir. Precisava de uma vez por todas, definitivamente, se encontrar. Achar um lugar onde ela pudesse ser ela mesma, sem medo de nada, nem de ninguém. Um lugar em que ela pudesse ser plenamente feliz, em que ela pudesse respirar.
Sentou em um banco, em uma praça, uma bela praça, pelo que pode ver com seus olhos molhados por suas lágrimas de um amor definitivamente perdido. Pensou e pensou. Milhares de idéias malucas ou não passavam ligeiras em sua mente. Não sabia o que fazer ao certo. Em como deveria recomeçar. Apenas tinha uma certeza: recomeçar seria preciso. Sabia que uma importante etapa de sua vida havia terminado, mas também sabia que não era o fim de tudo, apenas um recomeço, pelo menos era no que pretendia acreditar até onde suas, quase esgotadas, forças pudessem chegar.
Las Vegas. Esse seria seu destino. Não podia voltar ao Brasil, por mais que amasse aquele país e por mais que sua vida estivesse enraizada nele, não poderia voltar. Teria que enterrar todo seu passado e pensar apenas em um futuro próximo que teria que alcançar e Las Vegas seria o lugar.

(...)

Um recomeço implica mudanças, algumas superficiais, outras profundas. Marcela resolvera que começaria por uma mudança superficial, simples, mas que a faria melhor e mais segura. Suas longas madeixas pretas, tinham sido substituídas por uma mediana e repicada cabeleira vermelha. Vermelho intenso, expressivo, forte e seguro. Em seu novo tom de cabelo era que Marcela resolvera começar a expressar sua verdadeira mudança: a mudança interior. Sua antiga maquiagem, cor de pele, só para realçar sua beleza, havia sido substituída também: agora a ruiva só andava com fortes tons na pele. Olhos marcados em preto, sempre! Maçãs do rosto, às vezes, em tons rosados, às vezes em tons dourados. Sua boca ganhara volume com batons em cores que iam do rosa bebê ao vermelho sangue, dependia do dia e de seu humor.
Marcela era uma nova mulher, havia decidido isso, assim que decidiu morar em definitivo na cidade dos cassinos.

(...)

Ao chegar a seu novo país, Marcela logo alugou um apartamento, pequeno porém aconchegante, e que estava dentro de suas economias. Após se instalar, fora procurar um emprego e não demorou muito até iniciar um trabalho noturno, em um conhecido e luxuoso cassino.
A vida de garçonete não era fácil, trabalhava muito, e o pior, na opinião dela, durante toda a noite e toda a madrugada, mas era um emprego bem recompensado e, na maioria das vezes, divertido.
Seu novo visual a ajudou a arranjar esse emprego. Junto com seu cabelo, agora vermelho, e sua maquiagem extravagante, roupas curtas e decotadas também faziam parte dela agora. Definitivamente era uma nova e muito mais bonita mulher.

(...)

O coração de Marcela estava saltitando, poderia ter passado anos, mas ela nunca esqueceria daquele tom suave ao mesmo tempo que rouco, pesado ao mesmo tempo que sexy, que, para ela, só uma pessoa tinha. Ela não queria acreditar, não podia ser ele. Não depois de tudo. Não ali, em Las Vegas!
Chegou a pensar que estava imaginando coisas, sonhando acordada com ele, coisa que costumava fazer sempre. Suava frio, estava apreensiva, mas alguma coisa lhe dizia que seu coração não se enganara ao pular descompassadamente ao som daquela voz.

- Moça? Não me ouviu?

Insistira Guilherme. A ruiva ao seu lado, que ele tinha certeza ser uma garçonete do local, havia passado um bom tempo parada de costas para ele e ele não entendera o por quê, apenas queria seu drink de maçã.
continua...

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Mudança de hábitos

Eram cinco horas da tarde quando o despertador toca irritantemente. Marcela levanta a cabeça, toda descabelada e de mau humor.

- Inferno de despertador!

Desliga o aparelho e se levanta contra a própria vontade. A noite passada tinha sido pesada, chegara em casa às dez da manha e dormira ate agora e já teria que se arrumar novamente.
Seu novo trabalho exigiu de dela uma drástica mudança de hábitos. Antes ela acordava cedo e dormia cedo também, mas agora trabalhava a noite inteira, só chegava de manha em casa e dormia ate a tardezinha e assim por diante.

- Mais um dia, ou melhor, mais uma noite.

Pronta, Marcela pega seu crachá, sai do seu apartamento, o tranca e vai ao trabalho.

(...)

- Como começaremos a procurar a Marcela aqui?
- Cassinos *-*
- Andréa, não é hora de pensar em ir a cassinos ¬¬
- Desculpa :/
- Vamos ate a policia?
- Meu, não podemos, Flávio! Não sabemos se ela esta aqui mesmo, se ela não estiver? A policia pode nos achar uns loucos!
- Não custa nada tentar, Guile..
- Não sei, Ju... não sei.
- Pela Cela!
- Isso mesmo, Paulinho! Pela Marcela!
- Amanhã mesmo iremos ate a policia e falaremos a historia toda e se deus quiser, vamos encontra-la logo.
- Podemos ir no cassino?
- Andréa ¬¬
- Não vamos conseguir dormir direito mesmo... pelo menos conhecemos algo novo e nos distraímos um pouco... Vamos vai, por favor.
- O que acham?
- Vamos, não custa nada.
- Ok, vamos.

(...)

- Sempre quis vir a um cassino *-*

Andréa saltitava sem sair do lugar, todos a olhavam e seus amigos fingiam que não estavam vendo.

- Menos, Andréa! Menos!
- Ai, Guilherme... me deixa ser um pouquinho feliz enquanto não encontramos a Marcela!
- Feliz demais, eu diria ¬¬
- Chato!
- Bárbie!
- Não me chama assim que eu lembro dela
- Vamos encontra-la.
- Sim, vamos sim, Flávio
- Vamos para aquele lado?

Andréa chamava os amigos para as grandes e luxuosas maquinas de caça níqueis do lugar.

- Vamos.
- Vou beber alguma coisa. Alguém quer?
- Eu não quero.
- Ninguém?
- Não.
- Encontro vocês logo.
- Ok, Guile

Os quatro vão para um lado e Guilherme suspira profundamente. Não estava em clima de ‘festas’, jogatinas, nada. Só conseguia se sentir culpado pelo desaparecimento de Marcela e em como encontrá-la e também na possibilidade de não mais encontrá-la. Chegou no bar, se sentou apoiando seus braços no balcão e pediu sua bebida.

- Um drink de maçã, por favor.

continua...

terça-feira, 6 de abril de 2010

Las Vegas!

O dia acabou, Flávio ficou pra dormir na casa de Guilherme, vencido pela insistência de Jenny.
E assim como o dia, a semana se passou, e duas semanas também se passaram.

Flávio havia voltado para o Brasil, após uma ligação de Paulo que lhe contara da última ligação de Marcela.
Guilherme terminou com Jennyfer, não conseguia mais parar de pensar no seu antigo amor, estava preocupado e se sentia muito culpado, a amava e a queria com ele, de uma vez por todas.
Mais uma semana se passou, assim como um mês e depois dois.

Júlia, Andréa, Paulo, Guilherme e Flávio estavam reunidos na ‘antiga’ casa de Marcela. Dois meses haviam se passado e ninguém tinha tido noticias dela. Já pensavam no pior, com certeza. As meninas amaldiçoavam o dia em que resolveram deixar a amiga sozinha para morar em Londres. Paulo estava desolado, tinha sido o ultimo a falar com ela, mas não tinha idéia de onde encontra-la. Flávio se culpava por ter levado Marcela à Suíça ao mesmo tempo que culpava Guilherme pelo sumiço da morena.

Guilherme não sabia mais o que fazer ou em que pensar. Havia pensado em milhares de hipóteses para o sumiço de Marcela, milhares de lugares onde ela poderia estar e ate na possibilidade de como ela teria morrido, ou se matado. Estava completamente desconcertado. Não queria ficar parado enquanto Marcela estava desaparecida, mas ao menos tempo, não tinha o que ser feito.

(...)

- O que faremos gente? Serio! É a Marcela! Precisamos encontra-la!
- Sabemos disso, Júlia! Mas não sabemos o que fazer!
- Não agüento mais isso, quero a Cela aqui!
- Calma, Andréa... não chora. Vamos encontra-la.
- Onde ela pode estar? Onde?

(...)

- Um lugar que eu queira muito conhecer?
- Sim, amor. Um lugar que sonha em ir!
- Não sei, Guile... Amo o Brasil, você sabe.
- Mas não tem nenhum outro local que você iria?
- Ter tem, mas não sei qual.
- Como não sabe, amor... diz ai vai. Quem sabe a gente não passa nossa lua de mel la.
- Nossa, seria um sonho!
- Se é um sonho, tornarei realidade! Fala!
- Sempre pensei em passar minha lua de mel em Las Vegas.
- Nossa, Las Vegas. Muito bem pensado! Passaremos nossa lua de mel em Las Vegas!
- Não viaja, amor...
- Não to viajando, te prometo que passaremos nossa lua de mel lá. Não é seu sonho?
- É... mais...
- Mais nada! Las Vegas ai vamos nós!

Sorrindo, Marcela o beija, selando todo amor que sentiam um pelo outro.

(...)

- Guile?
- Alguma idéia?
- Las Vegas.
- Que tem Las Vegas?
- Marcela me disse uma vez que sonhava em passar a lua de mel em Las Vegas.
- E o que tem isso haver?
- Vocês conhecem a Marcela tanto quanto eu. Sabem que ela não trocaria o Brasil por lugar nenhum nesse mundo.
- Mas... se ela não esta aqui... Las Vegas... É UMA POSSIBILIDADE!
- Acertou em cheio, Júlia!
- Las Vegas...
- Las Vegas!
- Aí vamos nós!

Eles sorriem e se preparam para a viagem. Não sabiam o porquê exatamente, mais a esperança havia se renovado dentro deles.

continua...

domingo, 4 de abril de 2010

Y desapareció...

- Me largue.
- Não! Você vai me escutar!
- Me solta, Guilherme!
- Me perdoa! Me desculpa! Eu errei! Mas errei querendo o seu bem! Estava mal, Marcela. Como acha que é descobrir aos 23 anos que tem câncer? Estava desesperado! E Flávio te amava, te ama, sei la. Ele poderia te fazer feliz, e eu só te traria transtornos! Me entende! Fiz o que fiz pensando em você! Pensando no seu bem, na sua felicidade! Eu errei, eu sei! Fiz tudo errado, mas eu estava desesperado, Marcela! Por deus!
- Queria ter estado ao seu lado esse tempo todo.
- E pensa que eu não? Não era a Jenny que eu queria ao meu lado, Marcela. Ela foi maravilhosa, me ajudou demais, serei eternamente grato a ela, mas não a amo! Era com você que eu sonhava todas as noites longe, era em você que eu pensava nas horas em que eu pensava em desistir da vida! Era você que eu queria ao meu lado, você!
- Achei que não me amasse, Guilherme. Você não me deu explicação nenhuma! Simplesmente foi embora, sem dar pistas de como te encontrar!
- Sou grato ao Flávio por ter te trazido aqui hoje. Me perdoe, Marcela. Acredite no meu amor, é o mais verdadeiro.
- Eu também te amo, Guilherme. Mas agora...
- Mas agora o que?
- Acha justo largar a Jennyfer depois de tudo que ela fez por você?

Guilherme se cala.

- Acha justo? Ela gosta de você, se não, não teria estado contigo todo esse tempo!
- Eu não a amo.
- E ai vai abandona-la? Fazer o mesmo que fez comigo a seis meses atrás?
- Não é igual.
- Eu sei que não. Mas pense bem. Ela merece esse sofrimento?
- Pare.
- Pense! Eu já sofri bastante e querendo ou não, me acostumei com a idéia de não mais ter você, mas ela...
- O que ta querendo dizer?
- Que não voltarei a ter nada com você.

(...)

Guilherme entrou em casa arrasado.

- Onde ta a Marcela?
- Não sei.
- Como não sabe?
- Ela foi embora.
- Pra onde? Guilherme, a Marcela não conhece a Suíça! Onde ela esta?
- Já disse que não sei, Flávio!
- Não fizeram as pazes?
- Não, Jenny. Sabe que a amo, não sabe?
- Sei, Guile...
- Ela não quis voltar comigo.
- Como?
- Pensou em você.
- Em mim?
- Disse que não seria justo eu te deixar agora.
- Mas... eu me conformaria.
- Pra ela, só ela sofrendo basta. Com licença.

Guilherme subiu as escadas da casa e se trancou em seu quarto, durante todo o resto do dia.

(...)

- Onde ela esta?
- Eu não sei.
- Deve estar perdida! Que irresponsabilidade do Guilherme!
- Chamamos a policia?
- Acho melhor.
- Não fique assim, ela esta bem.
- Assim espero. Se acontecer algo com ela, não sei o que faço.
- Se acalme. Vou ligar.

Jennyfer pega o telefone, disca o numero da policia e da a descrição de Marcela.

- Agora, só nos resta esperar.
- Sim...
- Vou ver o Guilherme.
- Ok..
- Qualquer coisa é só me chamar.
- Obrigado, Jennyfer.
- Me chame apenas de Jenny.
- Ok, desculpe. Jenny.
- Com licença.

Jennyfer sobe as escadas e bate na porta de Guilherme, mas ele pede que ela o deixe sozinho. Suspirando, ela volta à sala, onde estava Flávio.

(...)

‘Às vezes você se julga incapaz de seguir em frente. As pessoas a sua volta te dão as costas, mostrando que você esta sozinha. E o que fazer nesses momentos? Pra mim o ideal é se jogar numa cama limpa e macia e chorar. Chorar todas as magoas, todas as tristezas, chorar ate lhe faltar ar.

Estou sozinha. Minhas duas, melhores e únicas amigas não estão mais comigo. Meu maior amor também se foi. Tudo que eu queria era minha vida de volta. Tudo que eu queria era poder respirar outra vez.’

- Alô..
- Paulinho me ajuda.
- Marcela?
- Por favor...
- O que aconteceu, meu deus?
- To morrendo.
- Marcela não me assusta! Onde você ta?
- Não sei..
- Como não sabe?
- Preciso respirar.
- Respira, Marcela! Respira! Pelo amor de Deus onde você esta?
- Não posso mais.
- Para com isso! Me diz agora onde você ta que eu vou ai te buscar!
- Paulo...
- Marcela!!
- No final de tudo, você foi meu único e verdadeiro amigo.
- Para com a brincadeira! Fala agora onde você ta!
- Vou embora..
- Embora? O que?
- Guilherme vai se casar.
- Que? Como sabe disso? Onde você ta Marcela?
- Pedi que ele se casasse... não seria justo.
- Do que você ta falando, Marcela?
- Ate um dia, Paulinho..
- Não desligue esse telefone ou verá uma bixa alterada!
- Eu te amo muito!
- Cela... MARCELA!!

Após desligar o telefone, Marcela entra na sala de embarque do aeroporto suíço e se vai.

(...)

- Nenhuma noticia?
- Não, senhor.
- Continuem procurando, por favor. Precisam encontra-la.
- Estamos procurando, senhor. Com licença.
- Nada?
- Nada, Jenny. O policial acabou de sair daqui sem nenhuma noticia. Estou preocupado, sério.
- Pra falar a verdade eu também estou, Flávio. Mas não podemos nos deixar levar pelo desespero, pois não adiantará.

Minutos depois, Guilherme desce as escadas com os olhos meio inchados. Não dava pra perceber ao certo se de sono ou de choro..

- Acabei durmindo.
- Guile!
- O que foi, Jenny?
- A Marcela..
- O que tem ela?
- Ela sumiu, Guilherme!
- O que?
- Sumiu!
- Ela não voltou?
- Não!
- Meu deus, ela não conhece a Suíça!
- Foi o que eu te disse a muito tempo Guilherme!
- Calma, Flávio.. Vamos chamar a policia!
- Já chamamos! E não a encontraram, em parte alguma!
- Desde de tarde, Guile... ela sumiu.
- Minha culpa..
- Sim, sua culpa!
- Flávio, por favor...
- Por favor nada, Jenny! Foi culpa dele sim! Irresponsável! Se algo acontecer com ela, nunca te perdoarei!
- Se algo acontecer com ela, eu nunca me perdoarei, Flávio!

Guilherme se deixa cair no sentado no sofá. Ele olha para Jennyfer e logo depois para Flávio. Os dois também trocam olhares. Todos preocupados e sem saber o que fazer.

continua...

sábado, 3 de abril de 2010

Um erro pode mesmo ser concertado?

Guilherme estava imóvel. Não podia acreditar no que seus olhos viam. Não era possível. Marcela? Marcela na sua frente de novo... Não podia ser.

- Marcela?
- Vim te parabenizar pelo noivado, Guilherme.
- O que faz aqui?
- Sinto muito, muitíssimo ter vindo aqui. Mas já que estou, só tenho que te felicitar. Esta noivo... espero que dessa vez, leve esse noivado a sério.

Marcela saiu do escritório tremula, podia sentir todas as lagrimas que caiam em seu rosto. Queria falar poucas e boas para Guilherme, queria bater nele, xingá-lo, mas não voltaria. Não queria mais vê-lo, queria que ele morresse de verdade, e não apenas em seus pensamentos.

- Marcela, espere!
- Pra que me trouxe aqui, Flávio?
- Eu não sabia... ele acabou de me contar, como você deve ter ouvido.
- Ele esta noivo, Flávio. NOIVO! Como pude ser tão idiota. Ter chorado tanto por um infeliz como ele!
- Marcela você ouviu a conversa desde o inicio?
- Só o ouvi dizendo que estava noivo.
- Então precisa saber de tudo!
- Não chegue perto de mim, Guilherme. Quero que morra. QUE MORRA!
- Seu desejo quase virou uma ordem... precisamos conversar.
- Não tenho nada pra falar com você. Vim aqui porque Flávio insistiu muito, mas agradeço a ele por ter me feito ver a imbecil que fui esse tempo inteiro.
- Eu tinha câncer, Marcela.
- O que?

Flávio e Jennyfer vão para dentro da casa, Marcela e Guilherme precisavam ficar sozinhos.

- Vim para Suíça me tratar de um câncer na bacia que estava para me matar. Não achou que te deixei no Brasil, sem explicação nenhuma por nada não?
- Não pensei em nada... só em como eu queria te ver morto.

(...)

- Ela é a Marcela, não é?
- Sim...
- O grande amor dele.
- E ele, o grande amor dela.
- Só aceitei me casar com ele por que o amo, mas sabia, sempre soube, ele sempre deixou claro que nunca me amaria como eu o amo, pois seu coração sempre foi dela.
- Sempre fui apaixonado pela Marcela. Mas sempre soube também do amor deles dois.
- Guilherme me contou da conversa que tiveram antes dele decidir vir para cá. Ele só veio por causa da conversa. Já o tinha convidado a mais tempo, para se tratar, mas ele nunca quis deixá-la.
- Me sinto mais culpado ainda.
- Não se sinta. Aqui ele teve o melhor tratamento possível. Se curou por isso.
- Ela sofreu demais sem ele, e ainda está sofrendo.
- Sinto que sofrerei o que ela sofreu.
- Não exatamente... ela sofreu mais.
- Sim... é verdade, mas...
- Eles farão as pazes, Jennyfer.
- E eu serei obrigada a abrir mão dele, para ela.
- A escolha é dele.
- Não tem escolha. Só há escolha quando há duas opções e pra ele a única é ela. Sou carta fora do baralho.
- Não sei o que te dizer.
- Não diga nada. Querendo ou não eu sabia que um dia isso aconteceria. Tinha esperança de que eles nunca mais se reencontrassem, mas no fundo, sabia que isso era praticamente impossível. Ele é dela.
- E ela é dele.

(...)

- Me odiou tanto assim?
- Hoje te odeio muito mais.
- Mesmo sabendo das circunstancias?
- Isso não é desculpa, Guilherme! Se dizia que me amava, por que não me contou a verdade? Eu te ajudaria. Seria eu no lugar da sua noiva, te ajudando, do seu lado.
- Tive medo de te perder.
- Me perder? Não venha com essas frases ensaiadas, Guilherme! Você me perdeu com a sua escolha de não me dizer nada.
- Eu sei, Marcela. Mas eu tinha medo de te fazer sofrer. Te prender a mim. Queria te ver feliz e cuidando de um doente você não seria.
- Não decida o que seria felicidade pra mim, Guilherme! Felicidade pra mim é estar ao lado de quem se ama, cuidando, amando, fazendo o que fosse preciso pra nunca perder a pessoa que queria fazer feliz. Definição completamente diferente de felicidade pra você né? Preferiu mentir, me abandonar, me deixar louca sem saber de nada, sem saber o por que de você estar me deixando sozinha. Como acha que me senti?
- Eu sinto muito.
- Não, não sente. Quem sente muito, muitíssimo, sou eu.. Sinto muito de não ter sido boa suficiente pra você ao menos me falar a verdade e me querer ao seu lado mesmo doente.
- Isso não é verdade.
- Mas é assim que eu penso. A Jennyfer é muito melhor ne? Que bom que encontrou alguém que te vai fazer feliz.
- Só vou ser feliz com você, Marcela...
- E quando pensou nisso? Quando me viu naquele escritório? Quando pretendia me contar a verdade? Quando tivesse casado, com filhos? Vai pro inferno, Guilherme! Você me fez o maior mal que alguém poderia me fazer.
- Eu te amo, Marcela. A Jenny sabe disso, sempre soube que a mulher que eu amo não era ela, era você. Ela sabe da historia toda. E sabe também que agora que você sabe de tudo, não vou mais casar com ela.
- Não repita o mesmo erro, Guilherme. Não abandone outra pessoa que te ama.
- Eu amo você.
- Eu fiquei sozinha. Depois que você se foi, descobri que Flávio falou coisas pra você que não tinham sentido dele falar e você foi embora também pelo que ele disse. Brigamos feio e fizemos as pazes hoje. Desde aquele dia, há seis meses.
- E a Andréa e a Júlia?
- Foram embora. Me abandonaram, assim como você. Pelo menos tiveram a decência de se despedir. Mas me abandonaram.
- E o Paulo?
- Paulinho... o único que realmente valeu a pena na minha vida.
- Não fala isso, Cela...
- O único que estava comigo quando todos me viraram as costas. Depois que você foi embora, eu não consegui mais trabalhar, perdi meu emprego, ate hoje, estou aqui. Desempregada, sem você e sem amigos. Um ótimo final para alguém não acha?
- Não é o seu fim, Marcela.
- Pra mim é. Depois de tudo que soube hoje, pra mim chegou ao fim. Tudo.
- Me perdoa. Eu te amo, te quero, preciso de você comigo.
- Agora? Agora é tarde Guilherme. É tarde demais...
- Nunca é tarde pra quem se ama.
- Nunca é tarde pra quem se ama. Chega a ser engraçado te ouvir falar isso.
- Sei que esta magoada, triste, com raiva... mas também sei o tamanho do seu coração e o tamanho do amor que sente por mim, igual ao que eu sinto por você.
- Em seis meses muita coisa muda..
- Muita coisa muda, mas o amor não acaba, se verdadeiro, não acaba.
- Apesar de verdadeiro, você sabe muito bem que sim, o meu acabou por você acabou. Você machucou tanto ele, que ele morreu, assim como você pra mim.

Marcela deu as costas a Guilherme e foi andando, agora precisava de um lugar pra ela, um lugar que realmente fosse dela, lugar esse que ela ainda não havia encontrado.

- Marcela, vem aqui!

Ela o ouvia de longe, mas não pretendia voltar, não pra ele.

- Marcela! Eu te amo!

As lágrimas não paravam de escorrer pelo rosto de Marcela, ela tentava enxugar mais não conseguia, eram muitas.

- Não vou deixar que um erro de seis meses atrás faça nosso amor acabar assim.

Ele estava na frente dela, a segurando pelos braços, estava serio.

continua...

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Surpresa!

Marcela passara toda viagem tensa. Não sabia o que lhe esperava naquele país tão distinto do Brasil. A possibilidade de reencontrar Guilherme a fazia tremer dos pés à cabeça.

- Esta bem?
- Poderia estar melhor, se estivesse em casa.

Flávio sorri e passa uma das mãos pelo alto da cabeça da amiga.

(...)

- Nem acredito que esta bem meu amor.
- Nem eu posso acreditar. Terei minha vida de volta agora.
- Vencer um câncer não é pra qualquer um, Guile... é forte, um vencedor.
- Obrigado, Jenny. Sem você isso não teria sido possível.
- Claro que sim, já falei, você é forte. Superaria isso com ou sem mim.
- Agradeço.
- Não agradeça, me beije.

Quando chegou a Suíça, Guilherme foi recebido por seu tio Paul e sua prima Jennyfer. Eram parentes distantes que nunca tivera contato real antes. Se falavam por telefone no natal e em datas comemorativas muito importantes, mas nada mais que isso.
Quando comentou com sua prima de sua doença, ela o convencera de que na Suíça ele teria o melhor tratamento para seu tipo de câncer: de tireóide.

Não demorou muito para Jennyfer, mais conhecida como Jenny, se interessar pelo primo que também não demorou a corresponder as investidas da garota, iniciando assim um ‘romance’.

Para Guilherme, Jenny era muito mais que um romance, ela tinha o ajudado desde o inicio. Em dias de crises da doença, nos dias em que ele queria morrer, durante todo o tratamento era ela que estava ao seu lado, o dando força e o ajudando como podia.

(...)

- É aqui.
- Ele mora ai?
- Sim. Com o tio e a prima.
- Não sei se estou pronta pra saber de alguma verdade, Flávio! Seja ela qual for..
- Precisa ser forte.
- Não sou, nunca fui.
- Estou com você.
- Obrigada.

Flávio tocou a campainha da casa e logo uma empregada atendeu. Ele se identificou e esperou a mulher, de aparentemente seus 50 e poucos anos, voltar e permitir sua entrada.

- O senhor Guilherme e a senhorita Jennyfer estão no escritório. Pode entrar.
- Obrigado.
- Entra primeiro. Depois eu entro. Ele não sabe que estou aqui, só que você esta.
- Como queira, mas não fuja daqui.
- Nem saberia pra onde.

Sorrindo, Flávio deu um beijo na testa de Marcela e entrou no escritório.

- Não pude acreditar quando Dora falou que Flávio estava aqui. É você mesmo! Quanto tempo!

Guilherme foi ate Flávio e eles se abraçaram.

- Muito tempo cara! Como esta?
- Muito bem, Poncho. Chegou no momento certo! Hoje recebi uma noticia espetacular!
- O que?
- Estou curado, Flavinho! Estou curado!
- Eu disse pra você que se curaria, Guile! Parabéns irmão! Nossa! Que notícia maravilhosa!
- Estou fora de mim de tanta alegria. Depois de seis meses de sofrimento, posso sorrir verdadeiramente de novo.
- Não sabe como estou contente por você, Guile! Mas... Tenho uma surpresa pra você também.
- Ah é? Qual?
- Alguém esta...
- Mas antes deixe-me apresentar! Essa é a Jenny, minha prima e agora noiva.
- Noiva?
- Foi a pessoa mais importante na minha vida durante esses seis meses.
- Eu.. eu não sei o que dizer...
- Não diga nada! Ou melhor, diga a surpresa.
- Acho que não sou mais uma surpresa. Pelo menos não agradável.

Marcela estava na porta do escritório, estática, olhando para Guilherme com o olhar mais enigmático que ele já vira. Não sabia o que aqueles pequenos e expressivos olhos negros queriam demonstrar naquele momento, mas tinha certeza que raiva estava entre os sentimentos que aquele olhar transmitia.

continua...

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Atos recuperam atos.

- Marcela não é pra você.
- Por que diz isso, Flávio?
- Eu a amo.
- Eu sei. A ama a mais tempo que eu.
- A mereço.
- Eu também.
- Por nossa amizade.
- Não me peça algo assim. Gosto dela, você sabe.
- Você ta doente, Guilherme. Ela precisa de alguém forte ao seu lado.
- Não jogue isso na minha cara. Não tem caráter?
- O mesmo que o seu. Sabe que tenho. Não falei por mal, Guile. Só quero vê-la feliz.
- Não poderei dar-lhe felicidade eterna.
- Na verdade, ninguém pode. Mas poderei dar por mais tempo.
- Não vou morrer, Flávio!
- Não. Não vai. Vai se tratar e se curar, se Deus quiser.
- Se acredita nisso, por que o conteúdo dessa conversa?
- Só quero ficar com ela.
- Ela esta comigo.
- Perdoe-me por tudo. Não voltarei a te incomodar. Vou embora.
- Como assim?
- Vou morar fora do Brasil.
- Por que isso?
- Quer mesmo ouvir?
- Já imagino.
- A faça feliz. E seja feliz você também, Guilherme.

Os amigos se abraçam e Flávio se vai.
Guilherme estava confuso. Será que Flávio tinha razão? Seria hora de contar a Marcela de seu estado de saúde?

(...)

Marcela se revirava na cama. Não parava de chorar. Há quase seis meses tinha recebido a noticia de que Guilherme tinha ido embora. Sem lhe dar nenhuma explicação, uma ligação, um e-mail, nem um recado por um dos amigos. Apenas havia ido.

Marcela e Guilherme namoraram por dois anos e meio e logo ficaram noivos. Se amavam e tinham em suas mentes seu casamento. Estava próximo, o mais tardar, o ano que viria.

Tudo estava bem na visão de Marcela, mas na de Guilherme, as coisas precisavam tomar um novo rumo. Sua conversa com Flávio o fez enxergar que precisava deixar Marcela livre. Livre para amar de novo e quem sabe, amar Flávio.

- Por que ele foi embora, Flávio?
- Eu não sei, Marcela.
- Sabe sim, não minta pra mim! Você é o melhor amigo dele! Sabe de alguma coisa! Me conte! Pra onde ele foi?
- Suíça.
- O que?
- Isso que ouviu.
- Por que?
- Não sei.
- Por que, Flávio

Marcela estava alterada.

- Depois que conversei com ele, ele me ligou e só me disse que ia embora.
- O que você conversou com ele?
- Disse que te amava.
- O que?
- Isso que já sabe.
- Por que?
- Eu te amo, Marcela. Não queria mais te ver com ele.
- Ele foi embora, seu desgraçado! Sem nem me dizer nada! Tem noção do que fez, Flávio?
- Sinto muito, Marcela. Não queria isso. Só desabafei com ele, como você mesmo disse, ele é meu melhor amigo. Não estava mais agüentando esconder isso dele.
- Isso nunca foi uma surpresa pra ninguém.
- Eu disse a ele que ia embora.
- Você?
- Sim, eu ia embora. Mas ele foi mais rápido.

(...)

- Alô.
- Marcela?
- Sim, quem fala?
- Sou eu, Júlia.
- O que quer?
- Não me trata assim, Cela... tenta me entender.
- Me ligou pra que, Júlia?
- Queria saber como estava...
- Muito bem, obrigada. Era só isso?
- Não faz assim, Marcela.
- Era só isso?
- A Andréa quer falar com você.
- Não se incomode.
- Cela?
- Diga...
- Por que ta tratando a gente assim? Entende a gente...
- E VOCES ME ENTENDAM! HÁ QUASE SEIS MESES O GUILHERME ME ABANDONOU, SEM DIZER NADA! SURPRESA! EU O AMO, VOCES SABIAM? E COMO SE NÃO BASTASSE DESCUBRO QUE ELE FOI EMBORA POR CAUSA DO FLÁVIO, MEU MELHOR AMIGO! SABIAM DISSO TAMBÉM? CLARO QUE SABIAM EU CONTEI PRA VOCES. MAS ACHO QUE ESTAVAM MUITO PREOCUPADAS COM ESSA MALDITA VIAGEM DE VOCES PRA SE PREOCUPAR COM QUALQUER COISA QUE DISSESSE RESPEITO A MIM!
- Marcela...
- E DEPOIS DISSO TUDO, VOCES DUAS, MINHAS MELHORES E UNICAS AMIGAS DECIDEM IR EMBORA! ESTOU SOZINHA, MENINAS! SOZINHA! OBRIGADO POR SE PREOCUPAREM TANTO COMIGO, VOU VIVER MUITO BEM DO JEITO QUE ESTOU. SEM O GUILHERME, SEM EMPREGO E SEM AMIGOS!

Marcela desliga o telefone transtornada. Corre pra varanda, olha fixamente pra baixo. Estava nervosa, queria morrer, queria se encontrar novamente na verdade, mas não conseguia, então seu único e palpável desejo era a morte.

(...)

A campainha tocava insistentemente. Marcela não queria atender, não esperava ninguém, não podia ser ninguém que a interessasse. A única pessoa que poderia lhe interessar no momento era Paulo e ele estava no trabalho, provavelmente. O som da campainha a estava transtornando mais. Correu ate a porta e a abriu, sem ver quem era pelo olho mágico.

- O que faz aqui?
- Precisamos conversar, Marcela.
- Não temos mais nada pra conversar. Já lhe disse tudo que queria da ultima vez.
- Mas eu não consigo mais ficar desse jeito. Somos amigos. Não podemos ficar assim um com o outro.
- Lembrou que era meu amigo quando? Quando falou o que falou ao Guilherme que não foi.
- Me perdoa. Já te disse. Precisava desabafar com alguém, ele foi a minha única saída.
- Paulinho não podia ne? Tinha que ser logo o Guile...
- Tinha que ser com ele.
- Claro, pra fuder a minha vida, tinha que ser com ele mesmo.
- Nunca quis fuder a sua vida, Marcela! Posso entrar?
- Não.
- Vamos conversar como dois adultos que somos, ok?
- Você me faz rir, Flávio.

Flávio entra no apartamento de Marcela e logo se senta no sofá.

- Senta aqui do meu lado.
- Estou bem de pé.
- Como queira... quero que sejamos amigos como sempre fomos. Há anos, desde adolescentes.
- Sua amizade não me interessa mais.
- Não sabe mentir. Não tente.
- Pode me interessar ainda, mas uma hora não mais.
- Por isso estou aqui, não quero que essa hora chegue.
- É a hora que eu mais quero que chegue.

Flávio respira fundo.

- Te amo, mas sua amizade sempre foi mais importante pra mim.
- Por que não pensou nisso antes?
- Estava mal, Marcela.
- E eu estou pior agora.
- Quero te ajudar. Estou disposto a te ajudar a descobrir a verdade.
- Do que esta falando?
- Sei por que exatamente Guilherme foi embora.
- Por que você encheu a cabeça dele de besteiras.
- Não, Marcela. Há um motivo muito mais forte.
- E qual é?
- Vou te ajudar a descobrir, mas não serei eu quem vai te contar. Não tenho esse direito.
- E quem vai me contar?
- Esta disposta a ir ate a Suíça?
- Co-como?
- Isso que ouviu. Sei onde ele esta. E posso leva-la ate ele.
- Não, não quero.
- Sabe que quer. Mas tem medo.
- Ele me largou aqui, sem nem pensar nos meus sentimentos. Não quero mais nada com o Guilherme.
- Não é isso que seu coração diz.
- Mas é o que a razão diz. Guilherme pra mim morreu.
- E por que ate hoje chora tanto por ele?
- Costumo chorar muito pelos mortos.
- Vai se arrepender do que esta dizendo, Marcela. Vamos para a Suíça.
- Já falei que não vou. E você não pode me obrigar.
- Não tem mesmo curiosidade em saber o que levou ele a te abandonar? Não acredita no amor que ele dizia sentir por você?
- Isso não vem ao caso. Não tem nada haver.
- Tem sim! Tem tudo haver! Se acreditar no amor que ele dizia sentir por você, não pode crer que ele te abandonaria assim, do nada. Algo forte o fez fazer isso. E você só descobrirá se me acompanhar.

Marcela chorava. Flávio a abraçou.

- Não queria ter te magoado como magoei. Sei que errei e peço perdão, de verdade. E agora quero recompensar meu erro, te levando ate ele.
- Vou pensar, Flávio.
- Não pense, o vôo sai daqui a duas horas.

continua...

Agora sim a história tem um início.

‘Às vezes você se julga incapaz de seguir em frente. As pessoas a sua volta te dão as costas, mostrando que você esta sozinha. E o que fazer nesses momentos? Pra mim o ideal é se jogar numa cama limpa e macia e chorar. Chorar todas as magoas, todas as tristezas, chorar ate lhe faltar ar.

Estou sozinha. Minhas duas, melhores e únicas amigas não estão mais comigo. Meu maior amor também se foi. Tudo que eu queria era minha vida de volta. Tudo que eu queria era poder respirar outra vez.’

- Por que vão fazer isso comigo?
- Marcela, é preciso. É nosso futuro.
- E o meu futuro, por que ninguém pensa nele?
- Porque quem tem que pensar nele é você.
- Estou sozinha agora.
- Vamos voltar.
- E se lembrarão de mim quando isso acontecer?

Júlia e Andréa abraçam Marcela, sem receber um abraço de volta. Ambas dão um beijo de até logo na testa da morena, se viram, enxugam suas lagrimas e entram na sala de embarque.
Marcela estava desolada. Suas melhores amigas estavam indo viajar, uma viagem sem previsão de volta, à trabalho.
Pensou diversas vezes antes de recusar o convite de se juntar a elas, mas não podia. Não podia deixar o Brasil por um trabalho que nem seu era.
Suas raízes, sua historia estavam naquele país. E as lembranças de um grande amor também.

(...)

- Sou uma fracassada, Paulo.
- Não fale isso minha deusa morena.
- Não tenho emprego, não tenho as meninas comigo, não tenho ele.
- Tem a mim.
- Você, você que vive de baladas.
- Pode viver de baladas comigo.
- Não me agrada.
- Você precisa viver, Marcela.
- Como viver, sem ter comigo o que me fazia viver?
- Vai se entregar à dor que esta sentindo por três pessoas que infelizmente não estão mais aqui? E você? Você não vale algo?
- Sinceramente não sei.
- Pois eu lhe digo que vale. Vale muito, morena.
- Quero que more comigo, Paulinho.
- Sabe que não daria certo, Cela...
- Podemos tentar.
- Não é fácil viver com um gay.
- Você é gay, mas é meu amigo.
- Isso me lembra uma canção...
- Deixa de ser palhaço. Aceita minha proposta?
- Sinto dizer que não. Não quero transformar a sua vida, por minha causa.
- Será que não percebe que o que preciso é de uma transformação?
- Sim, percebo. Mas não desse tipo de transformação, Marcela! Você precisa querer viver. Querer ser feliz. Querer reconstruir tudo que lhe foi tirado.
- Fala dele?
- Também. Mas principalmente de seu emprego, novos amigos e aí sim um novo amor.

(...)

Marcela sempre fora uma garota de poucas e boas amizades. Em sua vida inteira, apenas cultivara cinco amizades verdadeiras, amizades que pretendia levar para a vida toda, mas a própria vida não lhe permitiu.
Desde adolescentes, Marcela, Andréa, Júlia, Guilherme, Flávio e Paulinho eram inseparáveis. Entre eles ocorreu tudo que poderia ocorrer entre adolescentes cheios de descobertas pela frente.

Andréa e Júlia sempre foram mais coladas, talvez pelo fato de serem primas e terem nascido e crescido juntas. Sempre ansiaram o desejo de morar fora e a inesperada oferta de trabalho em Londres, feita a Júlia fora o passo inicial para que esse desejo juvenil fosse convertido em realidade. Andréa não pensou duas vezes em dizer que iria para Londres com a prima e lá, com certeza seria um bom local para abrir sua loja de bolsas e sapatos, também, tão sonhada.
Júlia trabalhava como gerente de uma empresa de cosméticos e sua competência a levara a Londres.

Quando soube da viagem das amigas, Marcela se sentiu sem chão. Acabara de passar por uma perda incomparável. E suas amigas não pensaram nisso ao decidir viajar. Estava magoada, ressentida. Sabia que era o sonho das duas, mas acreditava que isso poderia esperar, ao menos um, dois ou mais meses, para que ela se recuperasse um pouco. Mas não, elas não estavam preocupadas com ela.

(...)

Flávio e Paulinho sempre foram os xodós de Marcela. Se preocupava com eles, mais do que se preocupava consigo mesma. Cuidava deles quando chegavam bêbados, lhes dava o ombro para chorarem seus amores que não haviam dado certo. Foi a ela que Paulo contou primeiro sobre sua homossexualidade e foi ela a pessoa que mais lhe deu apoio. Os fazia se desculparem um com o outro quando brigavam. Era como a mãe dos dois, mesmo sabendo que Flávio nutria uma certa paixão por ela. Haviam namorado quando ambos tinham 16 anos, mas o namoro não durou mais que três meses. Flávio era ciumento e não aceitava a amizade de Marcela com Guilherme, mesmo sendo amigo dele também.

Guilherme era com Marcela, exatamente, como ela era com Paulo e Flávio. Pra ele não existia garota mais frágil e que mais precisava de cuidados que ela. Era sua pequena protegida. Sua eterna protegida.

(...)

- Vou morar sozinha?
- Sempre morou morena!
- Mas nesse momento, não estou bem, Paulo!
- Por que não pede ao Flávio que te faça companhia?
- Sabe que não posso fazer isso.
- Não vão voltar a se falar?
- Não sei. Estou magoada.
- Marcela, como você mesmo disse. Está sozinha, carente, triste, sem amigos. Esta na hora de deixar esse orgulho de lado e voltar a falar com ele.
- Você esquece rápido das coisas né? Sabe que estou assim por culpa dele.
- Ele nunca superou.
- E eu também não vou superar o que ele me fez. Isso que ele queria? Estamos quites então.
- Deixe de teimosia. Você gosta dele.
- Claro que gosto. Ele é meu amigo.
- Por isso mesmo, não pode acabar com essa amizade assim.
- Flávio é um ingrato. Sempre quis o melhor pra ele. Ele me traiu.
- Não quer que eu dê minha opinião novamente quer?
- Não. Vou embora.
- Fique mais um pouco, morena. Deixe-me lhe contar do Gio.
- Hoje não quero saber das suas viadagens.
- Depois o Flávio que é o ingrato.
- Idiota. Mande-me um e-mail. Responderei prontamente.
- Você ta precisando de um homem, Marcela!

Marcela abaixa a cabeça, sente seus olhos úmidos.

- Sinto muito. Não medi as palavras. Me perdoe.
- Você tem razão. Um homem. Preciso, mas me tiraram o que eu mais queria.
- Pode ter outros.
- Quem? Flávio?
- É uma opção.
- Não quer que eu de minha opinião novamente quer?
- Não falarei mais disso com você, senhorita. Só quero vê-la feliz.
- E eu só queria achar um lugar pra mim.

continua...

terça-feira, 30 de março de 2010

Um lugar pra chamar de meu (o início)

Algumas pessoas já leram e acompanharam a história de Um lugar pra chamar de meu. Resolvi postá-la novamente, agora aqui no blog, com algumas pequenas mudanças. É uma história de amor, mas, mais que isso, é um história que fala muito de mim, do que procuro: um único lugar, qualquer um, em qualquer local. Só o que quero é poder chamá-lo de meu.

O início de um fim

"Às vezes você se julga incapaz de seguir em frente. As pessoas a sua volta te dão as costas, mostrando que você está sozinha. O quão sozinha está. E o que fazer nesses momentos? Para mim, o ideal é se jogar em uma cama limpa e macia, e chorar. Chorar todas as mágoas, todas as tristezas, chorar até lhe faltar ar.

Estou sozinha. Minhas duas melhores e únicas amigas não estão mais comigo. Meu maior amor também se foi. Tudo o que eu queria era minha vida de volta. Tudo o que eu queria era poder respirar outra vez."

segunda-feira, 29 de março de 2010

Sem equilíbrio

Quando me acordei hoje, tudo parecia bem tranquilo e rotineiro. Parecia um dia normal.. Um velho e longo dia de trabalho, faculdade e compromissos. E seria tudo igual, se não fosse um grande detalhe: minha total falta de equilíbrio.
Dirigir me faz pensar na vida, mais do que já faço, e pensar na minha vida às vezes me deixa triste ou muito feliz. Hoje, foi um dia de lágrimas.
Elas jorraram pelo meu rosto feito cachoeiras que nunca param de derrubar água. Água que muitas vezes não sabemos para onde está indo.. Mas minhas lágrimas tinham um destino certo. Elas foram direto para um único lugar.
Meu coração apertou. Um outro motorista distraído, deixou a distração de lado para me observar. Queria saber o que eu tinha. Ele era bonito, bem bonito. Parecia estar com vontade de me consolar. Abri um pequeno e triste sorriso. Recebi um belo sorriso de volta. Passei a primeira marcha e saí. A cada marcha passada, a cada nota musical tocada no rádio, a cada lágrima que caía, mil pensamentos surgiam na minha mente. Lembrei do que vivi, do que me fazia me acabar em choro e do que me fazia me sentir tão sozinha, por mais acompanhada que eu estivesse.

Certas coisas não tem sentido, nem explicação para acontecer. Sentimentos bons vêm e vão, temos que viver. Abra os olhos, siga em frente. Nada é pra sempre. Vamos zerar e recomeçar.

Onde anda o meu equilíbrio? Por que chorar e me angustiar pelo que, definitivamente, não vale mais a pena? Já passou. O que passou, passou e não vai mais voltar. E não há mais nada que falar ou fazer. Zerar e recomeçar. Isso sim é preciso para que eu possa voltar ao meu equilíbrio. Ao que me fará me sentir bem novamente. Sem precisar me esconder atrás de falsos sorrisos. Sorrir quando se está com vontade de chorar, estar com muitas pessoas quando se está com vontade de se isolar. Esquecer o que passou e quem passou. Olhar pra frente e saber que a minha vez vai chegar e que eu vou encontrar um lugar pra chamar de meu.

domingo, 28 de março de 2010

Ven y toma...

Eu sempre quis ter um blog sabe... Mas ao mesmo tempo, nunca soube exatamente sobre o que gostaria de escrever. Tenho um projeto com umas amigas de um blog onde cada uma falaria de um tema, o meu era sexo. haha experiência? acho que não. Eu chamaria de caô. Puro caô. Mas enquanto esse projeto não se torna real, resolvi colocar o meu em prática. E por que? Logo hoje? E agora? 22h49 de um domingo em que o BBB se decide entre Lia e Fernanda (só pra constar, torço pela Lia nesse paredão). Bem.. não sei. Acho que é por que estou em um misto de sentimentos, pensamentos e ideias. Quais? Com o tempo e com os posts vocês vão entender um pouco mais. Mas não garanto que entendam mesmo, afinal, eu sou uma mulher normal, cheia de neuras, medos, angústias, esperança, sentimentos a flor da pele, pensamentos a mil.
Nesse blog quero mostrar um pouco de mim (para quem quiser ler ou simplesmente para mim mesma), mas não vou chegar aqui e escrever o que fiz hoje, o que pretendo fazer amanhã ou daqui a um mês. Tudo será feito em forma de histórias, webs ou seja la como eu vou querer postar no dia. O fato é que tudo terá um quê meu, do que vivi, do quero viver, do que desejo ou do que repudio. Mas também não pensem que vão acabar sabendo de tudo que sinto, isso aqui é só um pedacinho, uma provinha de mim.. Fiquem a vontade.

Ven y toma una probadita de mi.